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HILÁRIO HILARIEH | editor chefe



Reflexões


ATÉ 2011!


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ENTÃO É NATAL

O relógio marcava 16h45 minutos. Já se passava mais de meia hora e os quatro ainda aguardavam na sala de espera o doutor chamá-los um por vez.

De frente ao balcão da recepção, um estudante com inclinações comunistas observava o pouco que aparecia das pernas da recepcionista. Ao seu lado, sentado no mesmo sofá e folheando as páginas de uma revista em busca das “figurinhas”, uma criança que deixara seus dois carrinhos de brinquedo no chão, próximos aos pés do estudante comunista. No sofá do lado direito ao estudante, um padre segurando o terço e, na poltrona em frente ao religioso, um comerciante cuja face transparecia a felicidade pela época do ano.

O doutor chamou o padre em seu consultório. Com uma luz fraca e um divã de frente para a porta de vidro (que revelava um belo jardim tropical), o padre sentou-se esperando a reação do doutor.

- O que é o natal para o senhor? – indagou o psicólogo.
- É a época mais bonita do ano! Simboliza o nascimento de Cristo e o renascimento do amor. As pessoas vivem mais felizes e fazem mais ações de caridade. É o espírito de Cristo iluminando o mundo. Sem natal, não há vida terrena...

O psicólogo pediu ao padre para se retirar e aguardar na sala de espera. Enquanto isto, chamou ao menino que folheava a revista. Sentando no mesmo divã que o padre, o menino respondeu a pergunta do psicólogo...

- É época de ganhar brinquedos, de fazer festa e de ver os parentes. De vez em quando aparecem uns que eu nem conheço, mas minha mãe fala que é da família e me obriga a cumprimentá-los com um sorriso. Também acabo conhecendo umas primas que nunca vi na vida. Algumas são legais, outras são chatas. Tem o papai Noel também. Mas eu não acredito mais. Peço o brinquedo direto para minha mãe. Este ano eu pedi uma bicicleta, pois ela disse que não poderia me dar um Playstation 3. Todos os meus amigos têm um, só eu que não. Eles me chamam para jogar na casa deles, mas quando começo a ganhar, eles ficam bravos e desligam o vídeo-game...

Assim que o menino terminou de descrever o Natal para o doutor, ele fez o mesmo que fizera com o padre. Pediu ao garoto para se retirar e aguardar na sala de espera e chamou outro cliente...

- Natal é algo que não existe. Aliás! Até existe, mas só para os ricos! Conheço lugares e gentes que desconhecem o Natal e, quer saber? Natal é coisa de burguês! A felicidade é coisa de burguês! Não me venha fazer acreditar que a felicidade está no coração das pessoas. Não há como as pessoas serem felizes passando fome, frio e necessidade. O Estado joga o jogo do mercado e os pobres no lixo. Esta é a pura verdade! O próprio Cristo coletivizava o peixe e o vinho, mas não é isto que vejo no Natal...

E por fim, continuando o mesmo ritual, o doutro chamou o comerciante...

- Bons tempos, lucro! Isto é o Natal. A fé, a esperança e o amor fazem com que eu venda muito. Não me leve a mal, doutor... Não vendo indulgências, apenas a felicidade. Seja ela o carrinho para o garoto, o amor para o padre, o ódio do capitalismo para o comunista ou as revendas para os comerciantes. Todo mundo sai ganhando, basta parar e ver. Até os mendigos são abençoados pelos restos da fartura e pelo “amor” em tempos de Natal. A televisão ganha “à doidado” e os criminosos dão um tempo. Todo mundo tem família doutor, até o diabo! E quer saber... Não é só o Natal que me faz bem. Tem também a Páscoa, o Dia das Mães, dos Pais, dos Namorados, Das crianças... E todo ano é a mesma coisa. As pessoas ficam com peso na consciência se não presenteiam ao próximo, e que presente é melhor para dar se não as coisas? A felicidade se compra e, eu, a vendo. Acha que sou normal, doutor?

por HILÁRIO HILARIEH
contato: oexpressodahora@gmail.com
21 / novembro / 2010
semana 10 | ano I

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PERDENDO TEMPO

Quanto tempo lhe custa para ler este escrito, atarefado leitor? O tempo, baluarte de todo fato histórico, este abstrato componente de nosso cotidiano é há muito discutido e teorizado por inumeráveis historiadores e filósofos. Neste breve escrito, tentaremos, de forma rápida e objetiva, apontar algumas características desse agente social, suas peculiaridades e desenvolturas. Fique despreocupado caro leitor, a leitura deste singelo amontoado de palavras levará apenas um minuto. Sem mais, vamos aos fatos.

É convenção entre os estudiosos do tempo, que esse é formatado e modificado pela ação direta do homem, estamos nos referindo ao tempo formal, o qual interage com as necessidades e condições de seu agente criador. Exemplos: os primeiros calendários criados, teoricamente pelos chineses, estavam em concordância com a necessidade intrínseca daquele povo, ou seja, a observação dos fenômenos naturais objetivando uma colheita mais produtiva. Na idade média européia, os primeiros grandes relógios eram instalados nas torres dos mosteiros para periodizar os horários sagrados das orações. Ou seja, muda-se o agente criador, muda-se a concepção de tempo.

Porém teorizar algo já formalizado e manipulado por um agente social é uma tarefa relativamente fácil e escapista. O complexo se encontra em teorizar o tempo metafísico, abstrato e puro. Afinal, o que é o tempo? “Se ninguém me perguntar eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei” – A sábia resposta é de Santo Agostinho em seu livro “Confissões” – Tomo XI (O homem e o tempo). Agostinho concluiu que existem três tempos: “presente das coisas passadas, presente das coisas presentes e presente das coisas futuras”. Para Santo Agostinho, o pretérito e o futuro não são concretos, o primeiro já passou e o segundo ainda está por vir, assim, devemos valorizar o presente - mesmo que esse seja equivalente a apenas vinte e quatro horas - A teorização do tempo é necessária para Santo Agostinho, pois reafirma a concepção teocêntrica da idade média européia. De acordo com o autor de “Confissões”, Deus seria onisciente e onipresente, sendo assim, estaria acima do tempo. Uma bela contribuição para a filosofia medieval. 

Pessoalmente, compartilho da opinião de que o abstrato e lúdico somente possui uma explicação confortante quando inserido em um cosmos transcendental e subjetivo. Sendo assim, migramos para a literatura, a fim de contribuir para a tarefa utópica de teorizar o tempo. “O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível , o tempo é o nosso melhor alimento, rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde , a conviver com o tempo” – Transcrevo um breve trecho da obra “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar. Nesse contexto literário o tempo é significante de experiência, sabedoria e tradição. Em sua obra Nassar trabalha com a concepção trágica, porém atual, do tempo. Esse como ferramenta de dissolução de tradições, crenças, hierarquias e convicções. Um golpe fatal ao patriarcalismo arcaico. “Sua vida se escoava a bordar o sudário. Afirmava-se que bordava durante o dia e desbordava durante a noite, e não com a esperança de vencer deste modo a solidão, mas ao contrário, para sustentá-la” – Em “Cem Anos de Solidão”, o colombiano Gabriel García Márquez, dispõe do tempo como um fardo, pesado e incontornável, sob o destino da família Buendía. Quando a vida não mais possui um sentido próprio e as ações humanas se tornam óbvias e repetitivas, o tempo se torna maçante e pesado. Nesse contexto, a solidão floresce como amante do tempo, ao menos assim estava escrito nos pergaminhos de Melquíades.  

No âmbito cinematográfico, podemos citar o atualíssimo longa “O curioso caso de Benjamin Button”, um filme de David Fincher, no melhor estilo: sutil e inteligente. “Um hotel durante a noite pode ser um local mágico. Um rato correndo e parando, uma cortina a esvoaçar, é algo confortante, até confortável, saber que as pessoas que amamos estão dormindo nas suas camas, onde nada as pode machucar” – diz Benjamin (Brad Pitt) em certa altura de sua epopéia narrativa. O filme trata o tempo na ordem não cronológica, ou seja: ao contrário, intensificando assim a carga dramática do roteiro. Assim como na filosofia de Schopenhauer, o tempo humano possui começo, meio e fim, sendo que, este último possui importância superior aos dois primeiros. No decorrer da vida, a morte é algo certo e iminente, basta esperar. A morte humana, neste caso, acontece com o rejuvenescimento do personagem principal, deixando às favas a idéia afetiva de envelhecer junto com quem amamos. Uma ótima obra para desfazermos conceitos pré-estabelecidos e caricaturas formais e simplistas, intrínsecas no animal humano moderno (não pensante e alienado). Enfim, uma boa obra para repensarmos o tempo.

Chego ao fim deste escrito, enfim, já era tempo. Cito Benjamim Franklin: “Lembra-te que tempo é dinheiro; aquele que com seu trabalho pode ganhar dez xelins ao dia e vagabundeia metade do dia, ou fica deitado em seu quarto, jogou fora a oportunidade de ganhar cinco xelins a mais”. Ótima conclusão, não? Afinal depois de tantas teorizações abstratas e difíceis de compreensão, uma definição nos é familiar. Esta é a contribuição econômica, capitalista e moderna para a conceituação do tempo. Esqueçam definições filosóficas, literárias ou cinematográficas – não percamos tempo. O tempo contemporâneo se enquadra na teorização das frias cartilhas econômicas neoclássicas e pós-modernas. Onde o homem é transferido de agente criador para sujeito subordinado e refém de sua própria criação. Seria o óbvio e o mais confortável, partindo do pressuposto de que lidamos com animais preguiçosos e indispostos a pensar, eis a criatura humana moderna. Muito prazer, há quanto tempo!

 por GLENER OCHIUSSI
Graduado em História – Professor de História do Brasil do Cursinho Everest  - Mirassol SP e dos Colégios LONDON - São José do Rio Preto e COOPEM -Mirassol / SP



 Jornal on-line O EXPRESSO
contato: oexpressodahora@gmail.com
08 / novembro / 2010
semana 9 | ano 1
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DOIS AMIGOS


X. diz:
Você sabe o que é pior do que um cara que já perdeu a crença em tudo?

H. responde:
O cara que acredita em tudo.




por HILÁRIO HILARIEH
contato: oexpressodahora@gmail.com
31 / outubro / 2010
Semana 8 | ano I

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PADRÃO: O PATRÃO

Normalmente os patrões são simbolizados por um homem malvado, com rosto fechado, que gosta de mandar e que nós respeitamos acima de qualquer coisa. Um patrão que está presente na vida da maioria das mulheres (e alguns homens) é o padrão de beleza.
            Atualmente a sociedade nos impõe o que vestir, o que calçar, o que falar, o que comer, como nos comportar e até o tipo físico. Não temos liberdade para usar a roupa que gostamos, porque as pessoas não vão gostar. Não podemos usar um acessório diferente dos comuns, ou então somos excluídos da sociedade.
            As mulheres gastam dinheiro com roupas novas, vivem dieta, gastam tempo malhando, se dobram e desdobram para conseguirem a atenção. O problema é que, inconscientemente, elas estão tentando agradar as próprias mulheres, já que esse comportamento fútil não é o que mais atrai os homens (pelo menos não os homens que têm algo dentro da cabeça).
            Não é raro encontrar mulheres com anorexia e bulimia por conta do desespero em alcançar o corpo de modelo. Existe todo tipo de gosto. Tenha certeza: não importa quem seja você, não importa o quão magra, o quão gorda, o quão alta ou baixa você for, existem coisas mais importantes do que isso.
            A superficialidade dos relacionamentos atuais é causada, em parte, pela excessiva valorização da beleza. O quesito número um na escolha de um(a) namorado(a) é a beleza. Não era para ser assim, já que independente de quão belo você seja, isso é passageiro. As rugas chegarão, os cabelos embranquecerão, a bunda empinada cairá. O que vai restar? A companhia, as horas de conversa, de risada, as trocas de conselho, enfim, a amizade.  E dá pra ser amigo de quem você nem ao menos conhece?
            É óbvio que a beleza ajuda em muitos aspectos, e que as mulheres têm sim que se cuidar. Mas isso não pode, de maneira alguma, ser a coisa mais importante das nossas vidas. Precisamos nos livrar desse olhar superficial que temos diante das coisas, e aprender que o conjunto vale muito mais do que a individualidade. De nada valerá um corpo perfeito sem um cérebro. E, eles dão mais valor pro exterior do que pro interior? Eles que se ferrem. Não acho que é excesso de esperança acreditar que ainda existem homens inteligentes.
por LARBA PEÇONHA
25 / outubro / 2010
semana 7 | ano I


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DIA A DIA

Todas as manhãs quando vou à escola, vejo pessoas desesperadas indo para seus serviços. Umas a pé, outras de bicicletas, motocicletas, carros e sempre me vem algumas perguntas: “será que todas essas pessoas vivem de verdade? Ou só esperam a morte chegar?”

O nosso mundo gira em torno do dinheiro, tudo o que fazemos, de alguma maneira é para tê-lo. As oportunidades infelizmente não aparecem para todos.  Os que a possuem deveriam ter a consciência de aproveitar e, na sua área, fazer a sua parte, para que pouco a pouco a mudança possa se tornar realidade.

Digamos que não só as pessoas que vejo, mas que a maioria das pessoas “esperam a morte chegar”. Que perspectiva de mudança um cidadão desse pode esperar? Se a mudança não partir de “cima” isso nunca mudará! Você pode se perguntar: por que uma pessoa que realiza todos os seus sonhos vai querer ajudar alguém? Eu diria que pelo simples fato de que ninguém é melhor do que o outro; cada um tem seus prós e contras e, melhor que ser feliz, é dar a oportunidade a uma pessoa de sonhar.

por JOSÉ SILVA
contato: josesilvaoexpresso@gmail.com
10 / outubro / 2010
semana 06 | ano I
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VOCÊ MAIS INTERESSANTE

A sociedade do consumo, da efemeridade e da superficialidade fez com que o indivíduo fosse perdendo, ao longo de décadas, o senso de si mesmo. A individualidade do ser, a postura reflexiva e auto-analítica, fortemente defendidas e preconizadas desde a filosofia clássica até os pensadores cristãos, deram lugar ao homem estereotipado, reconhecido por uma postura que dificilmente contesta ou analisa qualquer coisa, principalmente seus próprios atos.
A questão aqui não é criticar a coletividade: já disse um pensador que “toda coletividade é burra” -  pensamento do qual discordo absolutamente. Primeiro, o homem é um ser social, sociável e pertence ao coletivo. Organizamos-nos em tribos, aldeias, vilas, cidades e em megalópoles, porque dependemos uns dos outros, fisicamente e emocionalmente. A economia, a política, a agricultura e o desenvolvimento científico e tecnológico dependem do homem enquanto ser social; a própria filosofia é fruto de trabalho do homem como parte da coletividade: é o exercício cíclico de se pensar a coletividade individualmente, ser criticado pela mesma, reorganizar o pensamento e reestruturar a sociedade com base neste. É o próprio caminho da evolução! O contrasenso atual encontra-se exatamente na quase ausência desse exercício por parte da coletividade: a ausência do pensar, do questionar, do contestar modelos impostos, baseados em interesses altamente duvidosos...
O modelo econômico-social no qual estamos inseridos baseia-se integralmente no consumo – consumimos o que é consumível e também o que não o é. Personalidade, relacionamentos, pensamento critico, posição política e caráter não constam como bens de consumo, mas podem ser comprados na vitrine ou na banca mais próxima. Esse modelo criou a ditadura dos estereótipos; e quem não quer seguir o modelo, se fantasia de “esquisito”, e se considera automaticamente fora do sistema... haja paciência!
O importante da discussão não é a enumeração de fatores que estão aí, visíveis – é só olhar e querer enxergar! A questão é o ponto em que chegamos: a ditadura do estereótipo criou seres vazios – partes da coletividade – mas não coletivos. Não somos seres sociáveis, corajosos o suficiente para aceitarmos o que somos, nos expormos da maneira como somos, e nos esforçarmos para mudar o que enxergamos estar errado – isso seria trilhar o caminho da evolução, da vontade de crescer e SER! Tornar-se um ser pleno não tem conexão com seguir as tendências da moda e dos penteados, comprar o que todo mundo compra, ouvir a banda que todo mundo ouve e assistir aos programas que todo mundo assiste (vixi! – mas ou eu assisto ou fico sem assunto pra conversar no intervalo...) É, de fato, é difícil, pelo menos no princípio, romper a bolha na qual vivemos – a inércia é uma lei do universo! Mas a evolução e a mudança também o são!  O ser integral, pleno, é o indivíduo que se enxerga membro da coletividade, da família humana, e que tem consciência das suas responsabilidades para com esta! A natureza, em seu sábio e paciente papel de Mãe, tem nos mostrado a necessidade de se pensar e agir como membros dessa família, nos alertando para problemas cuja solução não está nas mãos dos governos ou corporações – a solução, agora, depende de nós. De mim, de você, da sua mãe, da sua avó, de cada um e de todos nós!
A própria física tem estudado teorias hipotéticas que estruturam a realidade vindoura a partir do movimento de cada ser, individualmente considerado: a famosa (e incrível!) Teoria do Caos, fala exatamente sobre isso...
Faça o seguinte exercício, então: olhe para você, você mesmo, na frente do espelho, e reflita por um minuto: Quem sou eu? O que eu quero da vida? Qual meu papel como ser social? 
Você vai descobrir um universo! Vai se descobrir! Vai descobrir seus sonhos e anseios, e o que você está disposto(a) a fazer para alcançar tudo isso. Vai descobrir suas frustrações, e pensar na melhor maneira para lidar com elas. Vai descobrir que você é filho(a), é eleitor(a), é amigão do peito de alguém, é futuro pai ou futura mãe... tem responsabilidades para com a escola em que você estuda, para com aqueles que confiam e gostam de você, para com a cidade em que você mora, para com o País em que você vive! Deixe os pensamentos brotarem! Pode ter certeza que você vai se tornar uma pessoa muito mais confiante e interessante!

por SERENA RÍMEL
03 / outubro / 2010
semana 05 | ano I

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AOS VEGETARIANOS E AFINS
17/02/2010

Nada contra eles, mas meu... Eu tô de saco cheio desse povo que "me enche" para eu parar de comer carne! Se eles não a comem porque têm dó dos animaizinhos ou outra coisa, o problema é deles, não meu...

Estas palavras soam bastantes juvenis, sem aprofundamento de análise e etc. Mas é isto mesmo: simples. Assim como é a liberdade. A sua vai até aonde começa a do outro. Simples! Portanto,  quero dar um "alô" a esses "homens verdes" que invadem a minha liberdade e torram as paciências com esse papo chato de não maltratar os animaizinhos. Pô! Não fosse o churrasco nós nem estariam aqui, e ainda me vêm com esse papo? Me poupe! 

É. Eu disse churrasco mesmo... Então vamos lá...

Acerca de 4 milhões de anos (muito, mas muito antes de surgir a escrita) o homem pré-histórico vivia sua fase paleolítica (pré porque o conceito “história” só surgiu quando nasceu a escrita, segundo os estudiosos do século XIX). Então, nosso tataravô³²³³³³³²¹¹²³³ - o homem pré-histórico paleolítico - não tem muito a ver conosco ou com qualquer vegetariano ou com qualquer outro substantivo que os "homens verdes" empreguem para definir seus semelhantes. No entanto, há de convirmos que, mesmo assim, o homem pré-histórico paleolítico é nosso antepassado. Tudo bem, para alguns o homem veio do barro (não vou nem perder tempo com isto), mas, aos darwinistas de plantão, o homem das cavernas é a origem da nossa espécie.

O homem das cavernas dominava o fogo. Agora pensemos... Um pouco antes de o homem das cavernas dominar o fogo, como era? Ele andava em grupos numerosos? Ele tinha o crânio parecido com o nosso? Ele conversava? A resposta a estas perguntas é não, pois foi a partir do fogo que as coisas começaram a mudar... Eles descobriram o fogo e assim o homem começou a se agrupar ao redor das fogueiras e, gesticulando, aos poucos foram criando a linguagem. Além disso, descobriram que com a carne assada ficava mais fácil mastigar e digerir os alimentos e, assim,  a arcada dentária e o crânio desses primitivos se modificaram, saindo do formato “macaco tradicional” para um formato mais parecido com o nosso. Ah sim! A carne já era a nossa base alimentar desde o homem primitivo...

E ao redor dos "churrascos" nasceram as primeiras sociedades primitivas (ainda nômades, mas, sociedades) e com o passar de milhões de anos evoluímos para dominar o planeta. Porém, para isto, muitos de nossos tataravôs³²³³³³³²¹¹²³³ tiveram que ser vítimas de animais sanguinários  (carnívoros ou não) que não tinham dó de nós humanos. Éramos alvos fáceis, afinal, qual era a nossa arma? 

Tigres Dentes-de-Sabre tinham dentes e músculos fortes, ágeis; macacos trepavam em árvores com muita facilidade; mamutes tinham a maior força do planeta; eqüinos tinham muita velocidade; outros animais voavam. E o homem? Bom, como vimos, ele desenvolveu o cérebro e, com ele, dominou o fogo (sua primeira arma). O homem não teria sobrevivido na selva não fosse o domínio do fogo (que foi desenvolvido não só para se proteger, mas também para caçar carne). E agora os "homens verdes" me pedem para renegar milhões de anos de evolução, e por dó?!

Muitos afirmam não ser justo o que o homem faz com as vaquinhas. Ok, escorreu uma lágrima aqui... Mas será só quando as vaquinhas PERCEBEREM que “não é justo” o que fazemos com elas que irei dar crédito para tal aberração. Não há como colocar as vaquinhas no PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO DA LIBERDADE. Elas não têm a chave para isto - a evolução do pensar e dialogar. Quando nos deixamos ser dominados, muito provavelmente é porque (por algum motivo) nós paramos de pensar (salvo os sadomasoquistas, mas isto não vêm ao caso). E assim gostaria de abrir um parênteses... (big brothers da vida e filiados da televisão, cuidado! Vocês vão acabar esquecendo de como pensar...). E aos que pensam demais nos animaizinhos - que são a base do meu churrasco - não me encham mais, por favor! Não fico enchendo as paciências de vocês com apologia à carne. Dá mesma maneira, não quero que encham a minha paciência com a moderação do consumo de carne.Ah sim! Adoro um alface! Principalmente quando o enrolo em um pedaço de picanha...

"Eu evolui" comendo carne, parar de comê-la seria retroceder na história... 


HUGO PEZATTI
 
ps: adorei o texto abaixo! Valeu a pena então...
publicado no EXPRESSO em 26 de setembro de 2010
 semana 4 | ano I
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MAIS VALE UM NO LIXO DO QUE DOIS NA BOCA

Gestos valem mais do que palavras. (Não que este gesto de publicar trechos seja maior do que o conteúdo dos mesmos...).

Com Todo Vapor Ao Colapso
[abre aspas] “[...] A mesma racionalidade empresarial acarreta não apenas a fome em massa, mas também degrada a qualidade dos alimentos a níveis incrivelmente baixos. [...]. De fato, a lógica da redução de custos faz com que a indústria alimentícia retire ingredientes básicos de seus produtos externamente tão vistosos, a fim de torná-los rentáveis. Fast Food e comidas instantâneas simulam uma qualidade que não possuem. Um pacote de sopa de galinha da empresa Knorr, com rendimento de 4 pratos, contém somente 2 gramas de galinha desidratada, em bolotinhas.
Cuidado! Fast Food mata!
         Dessa maneira, produz-se uma sensação permanente de fome, que enseja o consumo de mais alimentos com baixo teor de proteínas. [...]. Da mesma maneira perversa que o mercado produz o fenômeno da fome, é ele próprio que reage a essa situação, com sua indústria suplementar de complementos alimentares, na forma de vitaminas, minerais etc., que deveriam estar contidos numa alimentação balanceada.
         As grandes empresas de produtos alimentícios fazem de tudo para maximizar os lucros e iludir os consumidores.
         [...]. Com sabores sintéticos os produtos têm custo muito menor do que com frutas verdadeiras: biomassas desnaturadas e insípidas são injetadas com substâncias aromáticas (assim, a estrutura molecular correspondente a sabor de galinha é quase idêntica ao de morango).
Banheiro sem papel higiênico
         No Japão, cientistas criaram até um hambúrguer-toalete que contém como ingredientes papel higiênico e excrementos, submetidos a uma temperatura extremamente elevada e acrescidos de proteínas de soja, obtendo como produto um granulado que há de servir como substituto da carne. Bom apetite! [...]. Mas tudo é relativo, retrucaria a ideologia pós-moderna. E por que o homem capitalista não seria privado também de seu paladar? Em testes numa escola alemã, as crianças foram incapazes de identificar o sabor amargo.
Robert Kurz, sociólogo alemão
         [...]. Foram os próprios administradores pós-modernos que inventaram o hábito de comer andando (food on the run) e comer no carro (food on the ride). E eles ingerem substâncias que um camponês da Idade Média não daria sequer aos seus porcos. Quem ainda duvida que a economia de mercado nos conduziu ao glorioso fim da história?

(Folha de São Paulo, 26 de julho de 1998. Tradução: José M. Macedo)”. [fecha aspas].

Fonte: livro, Com Todo Vapor Ao Colapso. Capítulo: fome em abundância. Autor ROBERT KURZ.


por HILÁRIO HILARIEH
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20 / setembro / 2010
Semana 3 | ano I
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GARANTA JÁ A SUA

“[...] a maioria é onívora, mas existem espécimes que se adequaram ao vegetarianismo. Outra versatilidade desse animal diz respeito a sua rápida reprodução. Curiosamente, ao exceder o número tolerável na população, esses mamíferos convertem-se ao homossexualismo para que, com o tempo, a sua população reduza e o heterossexualismo volte a fluir”. 

O trecho citado pode nos lembrar artigos de revistas científicas sobre comportamento animal ou até mesmo trecho de programas televisivos como dos canais Discovery Channel e National Geographic. Porém, tal trecho é mera ficção do autor. Ou não...

Estou mais a acreditar que o trecho revela uma suposição.

Atualmente, se discute se o homossexualismo está apenas aflorado ou se está aumentando. Favoráveis a primeira corrente argumentam que o homossexualismo sempre existiu na história, mas vivia escondido e, agora, está simplesmente “saindo do armário”; já os favoráveis da segunda corrente são mais radicais e argumentam que o homossexualismo está aumentando por moda ou, até mesmo, pela genética.

Particularmente, não fico com nenhuma dessas duas correntes. A hipótese que mais me agrada é a de que a natureza está dando um jeito no crescimento populacional da espécie humana. Há de se supor que ela está “tirando de letra” os malthusianos, reformistas e neomalthusianos.  E Freud! Progressões geométrica e aritmética, distribuição de riqueza e pobreza como causa do aumento da natalidade viraram teorias obsoletas perto da mãe natureza. E esta hipótese não é tão maluca (bem mais digerível do que aquela do século XV que dizia que a Terra era redonda). Acompanhe:

Se uma sociedade já é suficiente para desequilibrar o meio ambiente, imagine o que seis bilhões de pessoas podem fazer com o mundo...

Dessa forma, penso que a natureza está dando um jeito de se curar, pois esperar que façamos algo bom por ela não passa de mera piada atual.

E, para provar esta hipótese existe uma conta simples: reduzindo o número de pessoas, naturalmente se reduzirá o consumo e, obrigatoriamente, se reduzirá a produção (poluição, impactos ambientais e etc.).Sábia mãe natureza!

É... [suspiros]. Mas nisto, os bons pagam pelos maus... Cadê minha fêmea? 


 por HILÁRIO HILARIEH
contato: oexpressodahora@gmail.com
10 / setembro / 2010
semana 2 | ano I

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A JOVEM VANGUARDA OCIOSA

Nada é melhor para recomeçar do que uma destruição. Retalhos, emendas e “tapas buracos” não solucionam os problemas, apenas “empurram com a barriga” e volta e meia eles reaparecem.

Quando pensamos em destruição, muitos devem imaginar algo explosivo. Mas não existe só este tipo de destruição. Nem todas são rápidas. Algumas são gradativas. Começam pequenas e aumentam em etapas como uma bola de neve. Eis o nosso mundo como está! E não se preocupe com o tamanho atual da nossa bola de neve... Ela vai aumentar...

Se imaginarmos uma linha reta simbolizando o tempo (onde a cronologia crescente é marcada da esquerda para a direita) teremos a impressão de estarmos involuindo, ou seja, voltando no tempo (da direita para esquerda). Em síntese: a construção representaria a evolução e a destruição representaria a involução. E é neste cenário involutivo que os jovens estão perdidos.

Os aguerridos tentam entender a bola de neve
Valendo-me da analogia da bola de neve, é como se ela estivesse voltando e passando por cima da humanidade e a maioria das pessoas sendo levada pela bola. Porém, há aqueles mais aguerridos que se firmam bem e conseguem se segurar no chão, enquanto o “tempo da destruição” (a bola) passa pelo resto (e que resto farto!). Estes poucos guerreiros acabam virando a vanguarda, pois, cronologicamente, ficaram a frente de seu tempo (uma vez que a bola de neve já passou). Mas como se agarrar ao chão frente a bola de destruição?

Capa do livro 1984 (George Orwell)
Lendo.

A leitura gera o senso crítico (a evolução). Aqueles que não lêem são facilmente levados pela bola de neve (a involução). A internet, que veio para nos ajudar, paradoxalmente está matando a leitura – bem como previu George Orwell em seu livro 1984. O nosso vocabulário está se contraindo; está cada vez menor. Palavras estão sendo extintas e, juntamente com elas, as leituras (ou compreensão de obras e artigos) estão deixando de existir. Na internet se vê claramente a contração (extinção) das palavras e frases em tópicos (muitas vezes sem ligações). Assim, o ser humano voltará ao seu estado primitivo, onde não mais se comunicará através das palavras, mas sim, através dos gestos.

A telepatia
Há quem diz que estamos caminhando para a evolução da comunicação, pois a telepatia será o nosso próximo instrumento. O gozado é que ouvi isto de uma professora que lê muito... Aliás, de português (caros curiosos... Saibam que não foi desta escola). Mas, tudo bem! Vamos considerar a hipótese da “evolução telepática” dessa professora... Que conhecimento iríamos compartilhar através da telepatia? Já sei! “Má ficou com Ju na festa ontem i chuveu na ora di servi u bolo. A baranga da fê si acho a gostosa”.

Bom... Depois dessa, só esperando a chuva passar mesmo. E se for para involuir, que passe logo essa fase...


por HILÁRIO HILARIEH
Contato: oexpressodahora@gmail.com
15h30 – leia que ainda dá tempo
30 / agosto / 2010
semana 1 | ano I